segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Para gostar de cinema

    O CINUSP “Paulo Emílio” continua a série Para gostar de cinema no século XXI, abarcando pela segunda vez o período de 2006 a 2009. Devido à enorme variedade de filmes, dividimos a mostra em duas partes, sendo agora a vez da segunda parte. Nosso breve panorama busca aproximar filmes que marcaram os espectadores e o próprio Cinema. O grande desafio da curadoria desta mostra está em trazer ao público não somente os filmes mais vistos da época recortada, mas também aqueles que, por diferentes motivos, chamam a atenção do público para o que tem sido feito no cinema internacional.              
                Abrimos a mostra com o último e polêmico filme de Lars Von Trier, Anticristo. Aplaudido e vaiado no festival de Cannes de 2009, o filme reergue mitos que estariam adormecidos em nossa história, sendo esse um filme que marca uma ruptura do diretor com relação aos outros filmes, como se nota no uso de efeitos visuais e trilha sonora. Para equilibrar a tensão, nessa primeira semana ainda exibiremos o filme uruguaio Gigante, cuja história, mais próxima à vida cotidiana, se volta para um romântico segurança de supermercado que se interessa por uma colega de trabalho ao vê-la pelas imagens de segurança do local – filme premiado com Urso de Prata em Berlim e melhor roteiro em Gramado.
           Na semana seguinte, O segredo de Brokeback Moutain, filme bastante conhecido e premiado, é a história de dois vaqueiros que trabalham juntos no serviço de pastoreamento de ovelhas e aos poucos se apaixonam. O filme documenta o relacionamento de ambos ao longo dos anos. Ainda, a presença de um musical francês, Canções de amor. Abordando as ruas de Paris como espaço cinematográfico, o diretor Christophe Honoré trata neste filme de temas controversos, tais como morte, homossexualismo e ménage-a-trois, mas sem grande moralismo. A narrativa traz tais temas de forma singela e interessante.               
Na última semana, A partida é vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro de 2009 e narra a história de um músico que, dispensado de sua orquestra, retorna a cidade natal em companhia da esposa e começa a trabalhar como “nokanshi”, o coveiro responsável pela cerimônia de lavação em e vestimenta dos mortos. Já O céu de Suely representa um dos bons momentos do cinema brasileiro. Ainda que com agonia e desespero, a história de Hermila, uma mulher que retorna com seu filho a cidade natal à espera do marido, escapa ao sentimentalismo e aposta nos silêncios e gestos da personagem principal que rifa o próprio corpo.
No filme A Fita Branca, o diretor Michael Haneke traz diferentes formas da violência que marcam nossa sociedade. Utilizando o recurso preto e branco, o filme nos revela como era a organização da vida cotidiana em uma aldeia da Alemanha poucos dias antes da eclosão da Primeira Guerra Mundial, enaltecendo seus mecanismos disciplinares e seus efeitos sádicos. Finalmente, Aquele querido mês de agosto, filme português que ganhou prestígio entre cinéfilos, sobretudo pela exibição no Festival de Cannes em 2008. Neste filme a equipe de filmagem toma parte na história e representa, assim, o encontro entre os cineastas e o objeto filmado, no caso, as festividades portuguesas do mês em questão. Documentário? Ficção? O filme se esquiva das rotulações de gêneros tradicionais ao tornar pequenos acontecimentos envolvendo equipe e personagens em imagens potentes.
                A diversidade dos filmes escolhidos convida o público ao conhecimento de diferentes produções, de diferentes países. Como na mostra Para gostar de cinema: 2006 a 2009 anterior, o Cinusp “Paulo Emílio” traz ao público filmes importantes do período, ainda que menos exibidos no mercado exibidor tradicional. Bom para o público, que reconhece outros filmes e outras cinematografias do período.

CINUSP. Consulte a programação no site: http://www.usp.br/cinusp

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